O Regimento interno do Caraça, em que evidencia a extraordinária experiência pedagógica dos padres lazaristas, portugueses que dirigiam o conceituado educandário.
Alguns itens que norteavam a pedagogia do Colégio Caraça:
- Os oficiais de uma casa de educação devem considerar-se revestidos dos caracteres de outros tantos pais de família... Sua religião deve ser pura, deverá ainda evitar o cheiro da hipocrisia e fanatismo; devem conduzir a mocidade com suavidade e amor, mesmo no exercício da correção e é, então, especialmente, quando devem estar prevenidos para não usarem de nomes injuriosos nem excederem a moderação.
- Os castigos dos maiores crimes será a privação de recreação e separação dos colegas.
- Convém conhecer o gênio e o caráter de cada aluno para com prudência tratar a todos, pois o que agrada ao melancólico e perturbado muitas vezes não agrada ao gênio alegre e vice-versa.
- Os estudantes devem persuadir-se que não vêm só para aprender os estudos e ciência, mas também as virtudes ... Vale mais um homem de conhecimentos medianos, sendo virtuoso, do que grande sábio sem virtude.
Na época havia a intensificação dos cursos, de acordo com o esforço desenvolvido pelo aluno. Tratava-se de uma opção circunstancial, portanto, que de certo modo beneficiava extraordinariamente os alunos aplicados.
No Colégio Miranda, Eurípedes fora encaminhado à classe adiantada, correspondente ao ginásio. Tornara-se assistente dos professores, assumindo as funções de monitor, que desempenhou com entusiasmo e dedicação e onde iniciou atividades pedagógicas, que o levariam a posição de invulgar destaque no magistério sacramentano.
Eurípedes era ótimo colega, transmitia aos condiscípulos lições de Língua Portuguesa, Francês e Matemática, disciplinas que manejava com singular discernimento e entusiasmo. Em casa, Eurípedes tomara a si a tarefa de cuidar da educação dos irmãos.
A distinção de Eurípedes levava os mestres a colocá-lo em visível preferência. Nas festas cívicas jamais confiaram a outro aluno a honra de conduzir o Pavilhão Nacional e em todas as solenidades sempre lhe confiaram a incumbência de orador oficial do educandário.
Desse modo, o Colégio Miranda deu a Eurípedes excelente bagagem intelectual. Aí aprendeu o Francês - idioma que manejava com fluência em colóquios e pesquisas; o Latim, apesar dessas matérias não estarem incluídas no currículo do educandário; a Língua Portuguesas, matéria em que se tornou, posteriormente, profícuo mestre, com processos didáticos próprios; Ciências Naturais, cujos conhecimentos levaram-no a importante planejamento pedagógico, com atividades prática, junto a elementos específicos, (tais como, dissecção de animais e estudo das plantas), que fundamentavam seus processos didáticos, pouco mais tarde.
Eurípedes esteve entregue à orientação sábia do Prof. Miranda até fins de 1901 (provavelmente), quando se dera o encerramento do ano letivo. Nessa ocasião, o diretor do Colégio convocou o Sr. Mogico a comparecer ao educandário. Fora informado de que deveria providenciar um Colégio para o filho, onde pudesse realizar um curso superior pois já se achava preparado.
Ao enfatizar as qualidades excepcionais de Eurípedes como aluno brilhante, o Prof. Miranda acentua: "Nada mais temos para ensinar a Eurípedes. Ele já aprendeu tudo o que nosso colégio pode oferecer.
No princípio do ano de 1902 o Pai de Eurípedes resolveu levá-lo para o Rio de Janeiro, com o duplo objetivo de encaminhá-lo no prosseguimento dos estudos e empenhar-se com amigos na obtenção de um emprego para Eurípedes. Conseguiram matricula no Curso Preparatório para a Escola de Medicina da Marinha. Após vinte dias de permanência no Rio de Janeiro, voltaram a Sacramento para os preparativos que se faziam necessários. Belos sonhos coroavam-lhe os nobres propósitos de aprendizado maior, tendo como objetivo maior curar a mãe.
A mãe auxiliava no que podia, costurando e organizando as roupas do filho. Às vésperas da saída do jovem, quando ela lhe arrumava a mala modesta, foi acometida por uma daquelas crises, que tanto preocupavam a família e , de modo particular, a Eurípedes. Sentira ele de pronto o motivo do sofrimento da mãe querida. Era a tristeza da separação. Quando Meca voltou às faculdades normais, encontrou a mala do filho desfeita. Eurípedes nunca mais tocara no assunto...